Segunda é dia de:




“(...) Eu vou te acompanhar de fitas,
Te ajudo a decorar os dias,
Te empresto minha neblina.
Vamos nos espalhar sem linhas,
Ver o mundo girar de cima,
No tempo da preguiça...”


Ele nos encanta com suas canções, ele nos presenteia com sua voz delicada e sua incrível forma de fazer música. De presente para você apresentamos Cícero em seu belo álbum: Canções de Apartamento.

Se múltiplos são os formatos, medidas e funcionalidades de um apartamento, então a morada do carioca Cícero Lins foi construída com base em uma temática totalmente própria. Lá não estão mesas, cadeiras, quadros pendurados pelas paredes, estantes de livros, camas e muito menos caixas fechadas abrigando tal mobília. No apartamento de Cícero talvez se acumulem sim algumas caixas, porém, dentro delas nenhum objeto metálico, emadeirado ou adornado por vidro e cerâmica, mas sim memórias, recordações vindas de um passado recente e que o jovem músico esporadicamente tende a visitar.

Da escolha de dez fragmentos dessas ainda frescas reminiscências, o carioca, ex-integrante da banda Alice – que antes de chegar ao fim em 2008 lançou os discosAnteluz (2005) e Ruído (2007) – traz para seu debut em carreira solo apenas o que há de mais doloroso em sua pequena coleção de recordações. O resultado desse agrupado de memórias, dores e um pingo de esperança vem trabalhado no doce Canções de Apartamento (2011, Independente), registro que transforma a morada espiritual de Lins em algo físico, audível e felizmente possível de ser repassado, dividindo seus sofrimentos com quem mais venha a se identificar com suas amarguras.

Se havia em sua antiga banda uma predisposição maior ao uso de guitarras, dentro da pequena obra que Cícero articula tal instrumento ainda está ali, porém menos intenso, evidenciado apenas quando realmente necessário. Para a quase totalidade de seu curto trabalho – são efêmeros 35:13 minutos -, o músico faz do uso de violões o elemento de condução para que seus vocais (muito similares aos de Rodrigo Lemos do Lemoskine/A Banda Mais Bonita da Cidade) entreguem versos melancólicos e carregados de uma nostalgia dolorosa.

Por Jardim da MPB.


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